A delegada Marianne Cristine de Sousa, que atua em Ponta Porã, havia solicitado à Justiça quatro meses atrás que o homem fosse preso após Michelli Nicolich, que tinha 37 anos de idade, registrar um boletim de ocorrência contra ele por ter ter ameaçado atirar na cabeça dela.
No BO, a mulher chegou a informar à polícia que o então marido tinha matado três pessoas. A delegada também pediu que ele tivesse suspensa a autorização de porte de arma. Ezequiel tinha documentos para ter um fuzil, uma pistola e uma espingarda, segundo a polícia.
“O acusado, com fácil acesso às armas de fogo e um verdadeiro arsenal, poderia a qualquer momento ceifar com a vida de sua companheira e de seus dois filhos menores, de modo que é notório que o mesmo poderá continuar delinquindo no decorrer da persecução penal caso mantido em liberdade, tendo em vista notícias fornecidas pela vítima de que o autor já matou cerca de três pessoas e continuou impune, mudando de cidade”, afirmou a delegada em maio.
Justiça liberou tornozeleira eletrônica
A prisão preventiva do criminoso foi decretada ainda naquele mês, quando ele foi proibido de se aproximar da família. No entanto, em 1º de julho, a Justiça determinou sua soltura, com base nos documentos de CAC levados pela defesa e do fato de Ezequiel ser réu primário.
Como medida para ele permanecer solto, foi determinado que ele não falasse com Michelli, não saísse de Ponta Porã sem autorização e usasse tornozeleira eletrônica por 180 dias. O homem, no entanto, só ficou com o aparelho de monitoramento até o dia 13 de julho, pois o uso foi liberado pela Justiça devido ao fato de Michelli ter deixado o estado.
Michelli deixou Ponta Porã e se mudou para São Paulo para permanecer longe do ex. Meses depois, nesta segunda-feira, acabou morta com tiros de espingarda junto com o filho de 2 anos de idade, quando estavam dentro do carro na porta da escola das crianças.
Faculdade de medicina paga pela mulher
Michelli Nicolich foi morta a tiros pelo ex-marido Ezequiel Lemos Ramos, que também matou o filho caçula do ex-casal — Foto: Reprodução/Arquivo pessoal
Ezequiel era estudante do quarto ano de medicina, segundo ele próprio contou à polícia, e morou durante 5 anos em Ponta Porã (MS), cidade que faz divisa com Pedro Juan Caballero, no Paraguai. Segundo Michelli, era ela quem pagava o curso.
A vítima contou ainda que estava com Ezequiel havia cinco anos, e que havia três anos que morava em Ponta Porã para que Ezequiel pudesse estudar medicina na cidade paraguaia vizinha.
Ainda em depoimento, a ex-mulher tinha afirmado que o marido já havia assassinado três pessoas, porém não existem provas do crime.
Michelli também avisou à polícia que voltaria para São Paulo, onde nasceu. Afirmou, ainda, que tinha medo de que Ezequiel saísse da cadeia e “concluísse as ameaças” que fez a ela depois de uma crise de ciúmes.
Após Ezequiel ser preso em flagrante por matar a mulher e o filho caçula, a Polícia Civil de São Paulo pediu à Justiça sua prisão preventiva
O homem deverá passar por audiência de custódia nesta terça-feira (13). A Justiça decidirá se o mantém preso por tempo indeterminado, como quer a polícia, ou até um eventual julgamento.
O Ministério Público (MP) também terá de se manifestar a respeito do pedido de prisão preventiva. Até a última última atualização desta reportagem não havia uma decisão judicial a respeito.
No dia 20 de maio, a justiça de Ponta Porã decretou a conversão da prisão em flagrante de Ezequiel por prisão preventiva — Foto: DAM Ponta Porã/Divulgação