Ezequiel foi detido em flagrante por um policial militar de folga e sem uniforme que passava pelo local. O homem se rendeu e já estava desarmado.
Ele foi levado ao 49º Distrito Policial (DP), São Mateus, onde foi indiciado pelos crimes de duplo homicídio doloso qualificado, por feminicídio, emboscada e tentativa de homicídio.
O assassino ficou em silêncio durante seu interrogatório na delegacia. Mas, segundo o agente da Polícia Militar (PM) que o deteve, Ezequiel alegou logo após o crime que tinha ido encontrar a ex-esposa para “acertar as contas” com ela. Ele disse que Michelli teria aplicado um golpe que lhe causou um prejuízo financeiro de R$ 70 mil. Ainda segundo o policial, o homem afirmou que tinha "perdido a cabeça" e disse: “Que besteira que eu fiz, me mata”.
Até a última atualização desta reportagem, a arma usada no crime não havia sido localizada pela Polícia Civil. Segundo o policial militar que o deteve, outros policiais chegaram ao local e disseram que tinham visto a carabina usada pelo ex-marido dentro do carro dele.
Moradores da região contaram que viram um outro homem não identificado, que estava em um Fiat Pálio, furtar a arma de dentro do automóvel de Ezequiel. Em nota, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou que a Polícia Civil tenta localizar a carabina e deter um possível comparsa de Ezequiel, que teria fugido com a arma do crime.
A polícia ainda conseguiu apreender um carregador de carabina e 31 munições calibres 9 mm que estavam no carro de Ezequiel.
Segundo o delegado Leandro Resende Rangel, Ezequiel estava "desnorteado" quando foi detido.
"Não está falando coisa com coisa, mas com ele [o ex-marido] tinha um documento de uma arma que, aparentemente, é a arma que ele usou no crime. Só que, no momento em que ele foi detido pelo policial, houve uma grande aglomeração de populares, e a arma sumiu. Nós estamos apurando e tentando localizá-la", afirmou o delegado sobre a carabina.
O delegado ainda informou que o CAC alegou tinha ido se encontrar com a ex-esposa para tirar satisfações com elas a respeito de uma desavença financeira entre eles.
"Até este momento, o que foi apurado é que houve uma desavença entre o casal, questão de valores, que a mulher teria ficado só pra ela e não teria dividido com o ex-marido. E por conta 'desse golpe' que ele tomou dela, encontrou com ela na rua e efetuou diversos disparos no carro", disse Leandro.
Família nega desavenças financeiras
Ezequiel Lemos Ramos e Michelli Nicolich foram casados e estavam separados; ele matou a ex-esposa a tiros — Foto: Reprodução/Arquivo pessoal
A família de Michelli nega a versão dada por Ezequiel de que o motivo do crime foi financeiro. O irmão da vítima contou à reportagem que o ex-marido chegou a agredir e perseguir a vítima, que teria medida protetiva na Justiça contra ele.
Segundo Jackes Nicolich, Michelli e os filhos chegaram a se mudar temporariamente para Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul, e morado lá por cinco anos. Ela teria retornado a São Paulo com as duas crianças havia quatro meses, desde que conseguiu se separar de Ezequiel.
"Ela descobriu que ele estava se envolvendo com esses sites de relacionamentos. Aí ela descobriu, foi desconfiando e descobriu, jogou na cara dele. Aí quando ele viu que não tinha escapatória, começou a agredir ela e colocou a arma na cabeça dela. Ela conseguiu fugir e vir aqui perto da nossa casa, onde meu pai mora aqui, na Zona Leste. Só que ela ficou escondida, não passou endereço para ninguém. E hoje ele veio e ceifou a vida e acabou pegando até no filho dele", disse Jackes Nicolich, irmão de Michelli.
Local em que homem atirou em ex-mulher e duas crianças na Zona Leste de SP — Foto: Anderson Colombo/TV Globo
Ezequiel deve passar por audiência de custódia nesta terça-feira (13). A Justiça decidirá se o mantém preso por tempo indeterminado, como quer a polícia, ou até um eventual julgamento. O Ministério Público (MP) também terá de se manifestar a respeito do pedido de prisão preventiva. Até a última última atualização desta reportagem, não havia uma decisão judicial.
Para o 49º DP, Ezequiel, que tem registro de CAC e licença para usar armas para atividades esportivas, tem de continuar preso porque é uma pessoa perigosa, que pode ameaçar os parentes da ex-esposa.