O advogado da família conta que a polícia encaminhou o jovem para fazer exames.
A família, traumatizada e com medo das ameaças, decidiu se mudar para outra cidade. “Acabou com a saúde mental, social, saúde. Acabou com a vida do meu filho. [...] Eles sabiam onde ele morava, eles ameaçavam toda a família, sabiam o nome da gente", disse a mãe.
"Ele sempre foi um excelente aluno, todo mundo lá pode falar, ele sempre se cobrou muito. Ele é muito estudioso, alegre, brincalhão, divertido, muito comunicativo. E, agora, depois [do ocorrido], ele começou a se isolar, não queria ir para lugar nenhum. Não queria, estava sempre com dores de cabeça, triste.”
A mudança de comportamento preocupava a família, mas o garoto não se abria. Até o momento em que ele resolveu desabafar com a avó e pedir ajuda, dizendo que iria morrer se voltasse para a escola (veja vídeo acima).
“Quando a avó dele me contou, eu fiquei desesperada, né? Tentei conversar com ele. O que ele conseguia falar era tão pouco, ele entrava numa crise nervosa. Falava, ‘para, para, para. Eu não consigo, mãe, eu não consigo falar’", relatou.
Aos poucos, o adolescente conseguiu revelar mais do trauma que havia vivido na escola. "Pediam a ele dinheiro. Queriam dinheiro, a todo tempo dinheiro. E cada vez que ele chegava na escola, que ele não tinha conseguido dinheiro, ele apanhava”, disse a mãe.
A TV Globo convidou a Secretaria de Educação e Esportes (SEE) de Pernambuco para conceder entrevista sobre o tema, mas o governo preferiu se manifestar em nota. No texto, a secretaria afirmou que o suposto caso de violência sofrida por um estudante segue sendo investigado pela Polícia Civil. A pasta ainda relatou que a gestão da unidade de ensino prestou depoimento no início de julho e que está à
disposição para ajudar os trabalhos da polícia. De acordo com a secretaria, a direção da escola teria tomado conhecimento do caso no dia 18 de abril durante uma reunião convocada pelo Conselho Tutelar.
"A Secretaria de Educação reitera o compromisso com a cultura de paz no ambiente escolar, onde todo e qualquer tipo de preconceito é inadmissível. Em caso de violência, os estudantes são orientados a informar aos professores e a gestão da escola, que fazem escuta ativa e tomam as medidas cabíveis para sanar o problema", disse a pasta.
A reportagem também procurou a Polícia Civil e perguntou se o inquérito já foi concluído, se alguma pessoa foi presa, quem já foi ouvido até o momento e se a delegada responsável pelo inquérito poderia gravar entrevista. A corporação também não quis gravar entrevista.
Em nota, a Delegacia da Criança e do Adolescente (DPCA) informou que "o inquérito policial será remetido para a Delegacia de Polícia de Atos Infracionais da Criança e do Adolescente, pois durante as diligências foi constatado que os suspeitos do ato são adolescentes. Mais informações não podem ser repassadas no momento".
O Conselho Tutelar também foi procurado na terça-feira (19), na quarta (20) e nesta quinta (21), mas não se manifestou.