O caso aconteceu em uma escola filantrópica de ensino fundamental de Porto Velho na segunda-feira (16), dia que Gustavo Berillo, de 9 anos, retornava para a aula presencial.
Segundo a mãe, ela recebeu uma mensagem em um grupo de aplicativo de mensagens [para pais, professores e a direção da escola], ressaltando que todos os alunos poderiam voltar às aulas presenciais nesta semana.
"Quando postaram no grupo que iam voltar as aulas [presenciais], eu perguntei se meu filho iria voltar e falaram que todo mundo iria voltar, só bastava assinar a autorização. Meu filho está sem suporte desde o ano passado, com essa pandemia está sem suporte nenhum. E aí eu assinei autorizando ele e minha outra filha a vir para escola", explicou a mãe.
Mas não foi o que aconteceu. Logo após chegar na unidade de ensino, Gustavo foi convidado a se retirar da escola por não ter profissional disponível para atuar como cuidador — de acordo com a mãe do garoto, a colaboradora que antes fazia este papel foi designada para outra função.
"Me programei, estou desde a semana passada conversando com ele que ele vai pra escola, que tem que ir pra escola pra ficar inteligente, comprei uniforme novo, comprei tênis novo, comprei material que precisa, sacolinha pra guardar a máscara, máscara nova, álcool, organizei a mochila dele. Vim trazer ele hoje e ele foi retirado de sala, porque não tem ninguém que olha meu filho, não tem ninguém que possa acompanhar ele, isso é uma injustiça com uma mãe que tem um filho autista".
A mãe contou em entrevista que após saírem da escola, o filho questionava porque estava indo embora sozinho e a irmã dele havia ficado. Gustavo estava há semanas ansioso pelo retorno da aula na escola, onde estuda desde 2018.
"Esse é o Brasil que a gente vive, a igualdade que todo mundo prega é só no papel, na vida real é a mãe que tem filho especial sofre, sofre desse jeito, infelizmente é assim", disse.
A mãe afirma que chamou a polícia após o filho ser barrado na unidade e que registrou boletim de ocorrência.
A Rede Amazônica entrou em contato com a escola Santa Marcelina e com a Secretaria Estadual de Educação (Seduc), mas a unidade de ensino informou que não vai se pronunciar sobre o caso, e a secretaria não respondeu até a publicação da matéria.
O desabafo da mãe de Gustavo chegou até o apresentador Marcos Mion, atual apresentador do Caldeirão que possui mais de 14 milhões de seguidores nas redes sociais e é pai de um filho com espectro autista.
Em sua página, Mion disse estar sensibilizado com a situação do estudante de Porto Velho e que a cena 'quebrou seu coração'.
"Aquilo me quebrou a alma no meio. Encaminhei para minha equipe, a gente vai tentar entrar em contato com a mãe e pelo menos colocar aqui no meu Instagram e jogar isso pra todo mundo ver, dar o espaço para ela falar, ela precisa falar. Dá pra ver nitidamente que ela está sufocada, o quanto ela está sofrendo. Eu já abri espaço para mães que passaram por situações assim aqui. E a gente tem que falar e tem que chegar lá em Porto Velho, tem que chegar na prefeitura, as coisa têm que acontecer. Quanto mais a gente fala, mais a gente expõe menos acontece", falou o apresentador.