Éverton teve alta na quinta-feira (5), após ficar 12 dias internado no Hospital da Restauração, no Centro do Recife. Ainda de acordo com ele, a recuperação deve ser demorada, pois são necessários cerca de cinco meses para que ele possa voltar a pisar firme no chão.
O despachante disse que lembra ter passado aproximadamente dois minutos na água, no raso, quando ocorreu o ataque. Foram duas mordidas do tubarão.
"Ele veio pela lateral. Eu não tinha visto ele chegando perto, antes. Assim que me virei para voltar para a areia, recebi o ataque. Quando percebi que estava sendo atacado, consegui atingir ele. Acho que ele me soltou por causa disso, agradeço a Deus. Foi quando eu pulei a primeira vez, para a frente. Ele ainda voltou para dar o segundo ataque, que pegou na perna direita, mas não feriu muito, só deu três pontos no corte", afirmou
Desde 1992, quando começaram a ser registrados os ataques no litoral pernambucano, foram notificados outros 67 incidentes com tubarão em Pernambuco. Os dados são do Comitê Estadual de Monitoramento (Cemit). Ao todo, houve 26 mortes, nesse período.
Éverton caminha com dificuldade após o ataque. A lesão na parte posterior da coxa esquerda e nas nádegas foi extensa. Os curativos são diários e atividades que antes pareciam simples para ele, como sentar, agora precisam de muita atenção.
"Eu vi que era algo muito enorme. Quando eu olhei, que consegui atingi-lo, vi o rabo balançando muito distante de mim, então, era muito grande. No hospital, fizeram a medida da mordida e chegaram à conclusão de que ele tinha 2,10 metros", declarou.
Ele contou que não costumava frequentar aquela área da praia. Éverton, que sempre gostou do mar acredita que vai conseguir voltar a frequentar a praia, mas nunca mais numa área de risco de ataques de tubarão.
"Entrei com água até na cintura, estava me banhando com as mãos mesmo, não cheguei nem a mergulhar. Foi na hora que eu estava saindo que recebi o ataque. Realmente, era para ser proibido o banho ali e, graças a Deus, está. Espero que nunca abram aquilo ali para banho, porque realmente não é um lugar bom para se tomar banho", disse.
O despachante afirmou que o apoio do Corpo de Bombeiros foi fundamental. Eles contraíram o ferimento para evitar que ele perdesse muito sangue até a chegada do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).
"Só de estar aqui é um alívio, com minha família. É crucial na recuperação ter o carinho da família, ajuda dos parentes. É sensacional. Foi feita uma cirurgia assim que eu cheguei, de urgência, e depois vou passar por plásticas, para aperfeiçoar o ferimento", afirmou.
Estatísticas e casos recentes
Antes do caso de Éverton, o ataque de tubarão mais recente em Pernambuco havia ocorrido no dia 10 de julho, quando o auxiliar de serviços gerais Marcelo Rocha Santos, de 51 anos, morreu após ter uma mão arrancada e um ferimento profundo na coxa ao ser atacado enquanto tomava banho no trecho da praia próximo à Igrejinha de Piedade.
Até o incidente com Marcelo, não eram registrados ataques de tubarões no litoral pernambucano desde 2018. A última vítima havia sido José Ernesto Ferreira da Silva, de 18 anos, também no mar da praia de Piedade. Ele passou por uma cirurgia, mas faleceu um dia após o ataque.
Esse caso ocorreu pouco menos de dois meses depois de outro incidente com tubarão, que deixou Pablo Diego Inácio de Melo com lesões nos dois braços e na perna direita.