Irmão de menino torturado até a morte é levado ao hospital com sangramento nos olhos e dores no abdômen, diz Conselho Tutelar
Brasil
Publicado em 06/08/2021

O irmão de Carlos Henrique Santos do Carmo, o menino de 7 anos que foi torturado até a morte em Avaré (SP), foi levado ao hospital da Unesp de Botucatu (SP) depois de apresentar sangramento nos olhos e dores abdominais nesta quinta-feira (5), de acordo com o Conselho Tutelar.

A criança de 10 anos relatou à polícia que ela e o irmão eram torturados pelo padrasto Dione Teixeira dos Reis, que está preso preventivamente em Cerqueira César pelo crime.

A mãe dos meninos, Sara Santos da Fonseca, também teve a prisão decretada pela Justiça e foi detida na noite desta quinta-feira (5). A polícia investiga se ela foi conivente com a ação do padrasto.

De acordo com o Conselho Tutelar de Pardinho, cidade onde as vítimas moravam com o pai, o menino de 10 anos foi levado à unidade pela avó e pelas conselheiras tutelares. Ele foi atendido e está em observação, aguardando a realização de exames mais aprofundados.

Na quarta (4), dia do crime, a criança chegou a ser atendida no pronto-socorro de Avaré, mas foi medicada e liberada em seguida.

Segundo o delegado responsável pelo caso, Levon Torossian, o menino é considerado "peça-chave" na investigação e será ouvido formalmente com o apoio de uma equipe especializada. A Polícia Civil informou que o homem usava fios elétricos e um balde com água para machucar o menino e o irmão.

À polícia, Dione negou o crime e disse que Carlos Henrique se afogou com pão e leite no café da manhã. Já a mãe contou que não tinha conhecimento sobre as agressões e que estava trabalhando no momento do ocorrido. O G1 não localizou a defesa deles para comentar o caso.

 

Crime e investigação

 

Carlos Henrique Santos do Carmo, de 7 anos, foi morto na quarta-feira em Avaré. Segundo a Polícia Militar, uma equipe estava em patrulhamento pela Vila Esperança quando encontrou o menino caído próximo a casa onde morava com o padrasto, enquanto uma vizinha tentava reanimá-lo.

 

O delegado Levon Torossian afirmou que acredita que a criança foi encontrada na rua porque chegou a pedir socorro.

“Os levantamentos que nós fizemos até esse momento foi que, diante da tortura que esse menino estava sofrendo, ele conseguiu ir até a rua para pedir socorro. E na rua ele recebeu os primeiros socorros", disse o delegado.

Uma vizinha do menino contou à TV TEM que tentou reanimar a criança e acionou o socorro após achá-la caída na rua. Abalada, Celina disse que nunca vai esquecer a cena que presenciou.

A criança foi levada para o hospital, mas a PM informou que ele deu entrada sem vida na unidade. No local, os médicos constataram que o menino tinha muitos machucados pelo corpo, inclusive nas partes íntimas.

“Diante da grande quantidade de hematomas pelo corpo todo, levantou-se a suspeita de algo mais grave. O irmão confessou que, nesta manhã [quarta-feira], o padrasto tinha torturado as crianças, principalmente o menor que veio a óbito”, continua o delegado.

De acordo com o delegado, a polícia apurou que "a tortura consistiu em esganadura, socos, choques com fios elétricos, e o menor foi submergido em um balde de água no sentido de afogamento".

 

Conforme o boletim de ocorrência, os policiais apreenderam dois cabos de energia pretos, um balde vermelho, um par de luvas e um porrete de madeira na casa do suspeito, na zona rural. Os objetos foram periciados.

Segundo a Polícia Militar, o irmão da vítima, de 10 anos, estava com os dois olhos roxos, queimaduras de cigarro e muitos hematomas. Ele foi levado ao hospital, passou por atendimento e foi ouvido pela polícia com o apoio do Conselho Tutelar.

Agora, a Polícia Civil informou que aguarda os laudos necroscópico, pericial e de corpo de delito, que vai colher depoimentos de vizinhos e juntar documentos no decorrer do inquérito.

O corpo de Carlos Henrique foi enterrado no Cemitério Municipal de Pardinho um dia depois do crime. Durante o velório, o pai dos meninos pediu justiça e disse que sempre ligava para as crianças quando elas estavam na casa da mãe e que nunca ficou sabendo das agressões.

"Estava passando 15 dias com a mãe lá e aconteceu isso aí. Ligava lá e nunca tinha acontecido nada, não falava nada. Foram me buscar no serviço para falar que o moleque está morto. [...] Nada vai trazer meu filho de volta", desabafou Tiago José do Carmo.

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