Um criminoso tentou aplicar um golpe por um aplicativo de mensagens com o intuito de roubar mais de R$ 2 mil de uma mulher, enquanto se passava pelo filho dela.
O que o golpista não sabia é que a baiana Erica Soledade já havia sido abordada por outros bandidos que tentaram fazer a mesma coisa com ela. Assim, já experiente na lida com essa tentativa de golpe por WhatsApp, ela decidiu interagir com o suspeito — e até conseguiu que ele colocasse crédito no seu celular.
"Por coincidência meu filho estava em casa. A gente começou a dar assunto e a alimentar a situação para tentar pegar ele, porque estava sendo muito corriqueiro. Tentamos reverter a história e decidimos pedir dinheiro para ele [criminoso]", explica Erica.
De acordo com Lucas Soledade, filho de Érica, o intuito era fazer o criminoso ter confiança de que a mãe faria a transferência solicitada.
"Ela [mãe] ficava falando que estava sem crédito, que precisava de dinheiro para botar crédito, pois só conseguiria fazer a transferência quando chegasse em casa", comenta.
Ainda de acordo com Lucas, o golpista acreditou na história contada por Érica e decidiu colocar crédito no celular da mãe dele para poder roubar os R$ 2.350,00 que havia solicitado na tentativa de golpe.
"Ele fez o depósito do crédito e ficou esperando que minha mãe transferisse o dinheiro", completa o jovem.
Essa foi a terceira tentativa de golpe, em menos de dois meses, que Érica e o filho sofreram. Segundo ela, em outro momento, a foto do filho foi copiada de uma rede social e usada pelo criminoso que tentou se passar pelo jovem.
Com um número desconhecido, o suspeito fingiu ser o filho e começou uma conversa com a mulher dizendo que havia trocado o número do telefone. O desconhecido pediu para ela fazer um depósito no valor de mais de R$ 2 mil.
Erica Soledade já havia sido abordada por outros bandidos que tentaram aplicar o mesmo golpe — Foto: Reprodução/TV Bahia
Logo após, houve uma segunda tentativa e Erica decidiu fazer algumas perguntas ao criminoso. Ele então percebeu que não ia conseguir aplicar o golpe.
"Quando você vai abordar ele dizendo que é um golpe, ele começa a usar seus dados pessoais, o que te deixa muito vulnerável. Ele fala o nome da gente, endereço antigo, endereço atual. Eu entrei em um quadro de pânico muito grande e percebi, ali naquele momento, que qualquer pessoa é capaz de ceder ao que eles pedirem", relata a vítima.
A empresária Ana Mendes também foi vítima de uma tentativa de golpe. Ela, entretanto, conseguiu ligar para o filho e descobrir a farsa.
"Eu perguntei a ele [golpista] se era um boleto. Ele disse que não, que ia me passar os dados de uma conta para eu transferir. Eu aí liguei para Rodrigo [filho] e ele me explicou como denunciar e bloquear o criminoso", disse.
Arthur Igreja, especialista em tecnologia, faz um alerta e dá dicas de como não cair nesse tipo de golpe.
"Mande mais mensagens, tente validar e, principalmente ligue, peça áudio e você vai ver que o golpista não faz nada disso. A partir daí, a solução é indicar esse golpe ao WhatsApp e também registrar um boletim de ocorrência para que o criminoso seja investigado e identificado", orienta.
Empresária Ana Mendes também passou pela mesma situação — Foto: Reprodução/TV Bahia
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do estado (SSP-BA), houve um aumento de crimes envolvendo redes sociais e informática.
Nos quatro primeiros meses de 2020, 11 ocorrências foram registradas em Salvador. No mesmo período deste ano, foram registrados 66 casos na capital baiana.
Já no interior da Bahia, 44 ocorrências foram registradas no primeiro quadrimestre de 2020, enquanto 184 casos foram denunciados no mesmo período deste ano.
No entanto, esses números podem ser ainda maiores, já que muita gente não chega a denunciar a ocorrência.