300 hospitais filantrópicos e Santas Casas do estado de SP têm estoque do 'kit intubação' para apenas três dias
13/04/2021 09:58 em Mundo

Cerca de 300 hospitais filantrópicos e Santas Casas do estado de São Paulo têm estoque do chamado "Kit intubação", remédios necessários para intubação de pacientes em estado grave de Covid-19, para três dias.

O levantamento foi feito pela Federação das Santas Casas e Hospitais Beneficentes do estado, que acompanha a situação nas unidades.

Em algumas unidades, como na Santa Casa de Presidente Epitácio, o estoque é suficiente para somente dois dias.

O kit é composto por sedativos e neurobloqueadores, que são usados para relaxar a musculatura, a caixa torácica e ajudam os pacientes permanecer com ventilação mecânica e a suportá-la.

De acordo com a federação, os fornecedores alegam às diretorias dos hospitais que não têm mais como atender à demanda.

 

Tortura

 

Em entrevista à GloboNews no último sábado (10), o infectologista do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo (USP) Gerson Salvador disse que a falta de medicamentos e sedativos equivale "à tortura", já que o paciente terá consciência do que ocorre ao seu redor.

'Deixar um paciente intubado sem sedação equivale à tortura', afirma infectologista
 
 
 
 
 
 
 
 
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'Deixar um paciente intubado sem sedação equivale à tortura', afirma infectologista

Desde março, com o aumento dos casos de coronavírus no país, elevando o número de internações em UTIs, os estados estão enfrentando dificuldades de conseguir o "kit intubação".

Na época, o governo paulista afirmou que problema ocorria por falta de fornecimento do governo federal e que estava orientado gestores das unidades a utilizarem "racionalmente" os medicamentos e otimizar medidas "para garantir assistência a quem precisa".

Já o Ministério da Saúde, que estava gerenciando o envio nacional do kit, afirmou que começaria a enviar aos estados os medicamentos conforme um cronograma de entregas feito com base no monitoramento realizado nos estados e municípios, em parceria com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), o Conselho Nacional de Secretarias Municipais da Saúde (Conasems) e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

 

Cenário

 

No estado de São Paulo, em março, a Secretaria Estadual da Saúde alegava que o risco de desabastecimento se devia à falta de envio dos remédios por parte do governo federal.

Nessa primeira semana de abril, quase metade das unidades de saúde do estado já apresentava falta ou risco de escassez dos medicamentos, conforme levantamento realizado junto aos municípios pelo Conselho de Secretários Municipais de Saúde do Estado de São Paulo (Conasems).

 

Por conta do baixo estoque dos remédios do kit intubação, a Secretaria da Saúde diz ter orientado os gestores dos serviços de saúde que compõem as redes pública e privada do estado a manter o monitoramento da demanda e a utilizar "racionalmente estes produtos e otimizem medidas para garantir assistência a quem precisa".

As taxas de ocupação dos leitos de UTI do estado de São Paulo também já superaram os índices registrados no pico de 2020 da pandemia.

Apesar disso, houve uma leve tendência de estabilização na última semana, o que levou o governo do estado a autorizar a passagem para a fase vermelha do plano SP a partir de segunda-feira (13), com a autorização para reabertura de escolas, alguns estabelecimentos comerciais e o retorno do campeonato Paulista de futebol.

Número de internações por Covid em SP mais do que dobra em março em relação a fevereiro
 
 
 
 
 
 
 
 
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