MPT apura denúncias de trabalhadora doméstica que diz ter sido agredida e ameaçada em apartamento de Salvador
21/03/2023 17:00 em Bahia

O Ministério Público do Trabalho (MPT) anunciou, nesta terça-feira (21), a abertura de um inquérito civil para apurar as denúncias de maus-tratos feitas por uma mulher que trabalhava como empregada doméstica em uma residência do bairro do Rio Vermelho, em Salvador.

Gleide das Graças Idalan de Jesus, de 53 anos, diz ter sofrido agressões e ameaças no apartamento onde trabalhava, no bairro do Rio Vermelho, em Salvador. O caso é investigado pela Polícia Civil.

O MPT diz que vai investigar a regularidade na relação de trabalho e as alegações de agressões e maus-tratos feitas pela trabalhadora.

 

O Ministério Público do Trabalho disse ainda que deverá oficiar a Delegacia Policial onde Gleide foi ouvida, no bairro do Rio Vermelho, para receber uma cópia do inquérito. O documento vai permitir que o MPT avance na apuração dos aspectos trabalhistas do caso.

 

 

 

Entenda o caso

 

Gleide das Graças contou que não trabalhou na quinta-feira (16) por motivos de saúde. Na sexta (17), ao chegar no apartamento da patroa e vestir o uniforme, encontrou cerca de 300 talheres sujos espalhados pelo chão da cozinha.

 

 

 

"Ela [patroa] ficou na copa escondida e olhava, depois se aproximou e eu disse: 'Bom dia, dona Mari, eu não vim ontem...' e ela falou: 'Não quero saber dos seus problemas, não quero saber de nada. Eu quero que você limpe os talheres, lave tudo e guarde, porque eu puxei a gaveta e caiu tudo ontem de noite [quinta].'"

 

 

"Ela começou a gritar, falar alto, porque eu faltei e eu disse: 'Dona Mari, se acalme, não estou vendo motivo para isso".

De acordo com a trabalhadora doméstica, a patroa chegou a dizer: "Eu estou pagando e você vai ter que fazer". Em seguida, ela atendeu a ordem da mulher.

A doméstica afirmou que a mulher também pediu para que ela limpasse a porta do quarto filho, porque ela tinha quebrado um copo no local.

 

 

"Ela ainda disse: 'Tem um copo quebrado na porta do quarto, quero que você limpe, porque eu meti o copo no meu filho".

 

 

 

Mais pedidos e ameaças

 

Trabalhadora doméstica denunciou agressões e ameaça de morte em apartamento de Salvador — Foto: Reprodução/TV Bahia

Trabalhadora doméstica denunciou agressões e ameaça de morte em apartamento de Salvador — Foto: Reprodução/TV Bahia

 

Por causa da falta na quinta-feira, Gleide de Jesus teve R$ 200 descontado do salário. A ausência também fez com que a patroa aumentasse o número de tarefas que a trabalhadora doméstica tinha que fazer na sexta-feira.

Entre elas: limpar o cocô do cachorro da raça pitbull e se abaixar para passar óleo nas cadeiras e mesa da sala.

 

 

"Eu falei: 'Dona Mari, eu não posso fazer isso tudo. Além da senhora tirar R$ 200 do meu salário, quer que eu me escravize aqui? Eu não aguento, estou com dor, não posso me abaixar'".

 

 

A mulher teria retrucado: "Eu não quero saber, você tem que fazer tudo que eu mandar, porque estou te pagando. Até o seu horário acabar, você vai fazer tudo que eu mandar", contou Gleide.

Patroa e trabalhadora doméstica teriam discutido. Na ocasião, a mulher teria jogado óleo de peroba no rosto de Gleide de Jesus, impedido a saída dela do imóvel e a "esmurrado" na área de serviço.

"Eu pedia calma e ela me batia. Eu comecei a chorar, perdi a voz e disse que ia chamar a mãe dela. Ela tentou tomar o celular, rachou meu aparelho e quebrou meu óculos".

 

 

"Foram muitos murros e socos. Ela disse: 'Olhe, eu vou te furar, vou te matar, antes que você mate minha mãe, eu vou te matar", relatou.

 

 

 

 

Fuga

 

7ª Delegacia Territorial do Rio Vermelho, em Salvador — Foto: Dalton Soares/ TV Bahia

7ª Delegacia Territorial do Rio Vermelho, em Salvador — Foto: Dalton Soares/ TV Bahia

Gleide afirmou que a patroa foi na cozinha pegar uma faca. Nesse momento, ela teria se trancado no banheiro do imóvel para se proteger.

 

 

"Comecei a gritar por socorro e uma amiga minha falou: 'Saia daí. O que foi Gleide?'. Pedi muita força a Deus, pensei em pular a janela, mas eu não cabia ali".

 

 

A trabalhadora doméstica contou ainda que lembrou que tinha a chave do apartamento na bolsa. Ela conseguiu deixar o banheiro e fugiu.

"As vizinhas chamaram a polícia e me socorreram".

A 7ª delegacia, do bairro do Rio Vermelho, onde o caso é investigado, expediu as guias para os exames periciais.

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