Prefeitura de Salvador encerra cadastro de ambulantes para carnaval e grupo protesta por licença: 'precisamos trabalhar'
09/02/2023 15:08 em Bahia

A Prefeitura de Salvador encerrou, às 10h desta quinta-feira (9), o cadastro de vendedores ambulantes para o carnaval deste ano. Muitos trabalhadores que ficaram acampados na frente da Secretaria Municipal de Ordem Pública (Semop) protestaram.

O imbróglio entre prefeitura e trabalhadores começou desde que a gestão anunciou que o cadastramento seria feito apenas de forma online. Os vendedores ambulantes argumentaram que não teriam como fazer o cadastro, por falta de internet e por causa da instabilidade do site da Semop.

Na frente da secretaria, dezenas de pessoas reivindicavam o direito de pagar a licença de R$139,70 para trabalhar em um dos circuitos da festa: Dodô (Barra/Ondina), Osmar (Campo Grande) e Batatinha (Pelourinho).

“A gente precisa trabalhar, é por isso que a gente está aqui. A gente vai ficar aqui até vencer, e a gente vai vencer. Eles pensam que a gente é fraco, mas a gente não é fraco. A gente vai tirar a licença aí dentro, porque pela internet não funciona. Ninguém conseguiu, porque se conseguisse a gente não estava aqui”, disse uma das trabalhadoras, que não foi identificada.

Prefeitura encerra cadastro de ambulantes para carnaval e grupo protesta por licença — Foto: Reprodução/TV Bahia

Prefeitura encerra cadastro de ambulantes para carnaval e grupo protesta por licença — Foto: Reprodução/TV Bahia

Quatro vendedores ambulantes conseguiram acesso à Semop, para se reunir com representantes da secretaria. O objetivo do encontro é chegar a um consenso sobre abrir ou não o credenciamento de forma presencial para os trabalhadores remanescentes.

Até a publicação desta reportagem, não há uma definição sobre essa medida. O prazo disponibilizado para o encerramento das inscrições para as licenças foi de 24 horas, encerrados na manhã desta quinta.

Por volta das 13h, a prefeitura divulgou um balanço de trabalhadores que conseguiram fazer o cadastro: um total de 3,5 mil. Eles vão atuar com isopores nas ruas dos circuitos, desde que paguem o valor da licença até esta quinta-feira (9).

 

Protestos anteriores

 

Objetos queimando em frente a Semop, em Salvador, após confusão entre guardas e ambulantes — Foto: Reprodução/TV Bahia

Objetos queimando em frente a Semop, em Salvador, após confusão entre guardas e ambulantes — Foto: Reprodução/TV Bahia

Mesmo com as manifestações anteriores ao início do processo, a prefeitura manteve a forma de cadastramento. As inscrições começaram a ser feita às 10h de quarta-feira (8), já sob protesto dos trabalhadores, que não conseguiam concluir o procedimento de cadastro.

Em um dos protestos, ainda na manhã de quarta, a Guarda Municipal de Salvador chegou a jogar uma bomba nos vendedores que tentavam fazer o credenciamento de forma presencial, na Semop. Tiros também foram disparados no local.

Inicialmente, o diretor de Segurança Urbana e Prevenção à Violência da Guarda, Maurício Lima, negou que o explosivo teria sido jogado pela equipe dele. Depois, com a divulgação das imagens, ele disse que vai apurar o caso e garantiu que não haverá novos confrontos.

No local houve uma confusão generalizada, com depredação do patrimônio público, por parte de manifestantes que também tentavam a licença. Ainda na tarde de quarta, os ambulantes bloquearem acessos e vias. Segundo a Guarda Municipal, eles teriam ameaçado servidores.

 

Denúncia de vendas de licença

 

Começo do ano tem sido marcado por ambulantes dormindo em fila para fazer credenciamento e trabalhar em Salvador  — Foto: Reprodução/TV Bahia

Começo do ano tem sido marcado por ambulantes dormindo em fila para fazer credenciamento e trabalhar em Salvador — Foto: Reprodução/TV Bahia

O secretário de Ordem Pública, Luciano Ribeiro, disse na manhã desta quinta-feira que a prefeitura da capital baiana apura uma denúncia sobre possível vendas de licença para ambulantes trabalhar no carnaval. Caso ocorra a confirmação do crime, haverá cassação do documento.

O licenciamento para atuar no Carnaval de Salvador é pessoal e intransferível, ou seja, mesmo que o documento seja vendido, o comprador poderá ser impedido de vender e expulso do circuito por não ser o titular da licença.

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