Irmã de um dos indígenas assassinados a tiros na Bahia pede justiça: 'Chega de tanto sangue dos pataxós derramado'
18/01/2023 16:08 em Bahia

A irmã de um dos indígenas assassinados a tiros, na noite de terça-feira (17), na BR-101, em trecho da cidade de Itabela, no extremo sul da Bahia, fez um apelo por justiça. Nawir Brito de Jesus, 17 anos, e Samuel Cristiano do Amor Divino, de 25, foram mortos a caminho de uma fazenda ocupada por pataxós.

 

"O que nós queremos é justiça. A família pede justiça, porque já chega de tanto sangue dos Pataxós ser derramado e ficar por isso mesmo", disse a irmã de Samuel, Akuã Pataxó.

 

Samuel foi morto a tiros a caminho de fazenda ocupada por pataxós — Foto: Reprodução/TV Santa Cruz

Samuel foi morto a tiros a caminho de fazenda ocupada por pataxós — Foto: Reprodução/TV Santa Cruz

De acordo com Akuã Pataxó, os familiares das vítimas têm sofrido bastante com o crime.

"É um momento muito triste para nós familiares, estamos sofrendo muito com a perda do nosso irmão Samuel e do nosso primo Nawir. É uma dor muito grande que estamos sentindo nesse momento".

Em depoimento emocionado, a mãe de Samuel, Devani do Amor Divino, contou que o neto, de 1 ano e 5 meses, perguntou pelo pai.

 

"Ontem o filho dele o chamou durante todo o dia. É um menino carinhoso, de 1 ano e 5 meses. O pai gostava muito dele, abraçava todo dia quando chegava do trabalho", contou.

 

Ministra falou sobre a morte dos pataxós — Foto: Redes sociais

Ministra falou sobre a morte dos pataxós — Foto: Redes sociais

Nesta quarta-feira (18), a Polícia Civil intensificou as ações de investigação para elucidar as mortes dos dois indígenas. A ministra dos Povos Indígenas do Brasil, Sônia Guajajara, também comentou o caso.

"Ontem perdemos dois jovens Pataxó em virtude de conflito por terra e luta por demarcação. A minha primeira agenda do dia será com lideranças indígenas do Extremo Sul da Bahia. Acompanharei de perto o que vem acontecendo na região e irei requisitar ação imediata do Estado.

Guajajara prometeu ainda que não haverá impunidade em relação aos crimes.

"Os povos indígenas continuam a enfrentar ameaças e a morte por defender seus direitos à terra. Requisitarei ações revigoradas do Estado para trazer justiça ao povo Pataxó pela morte desses dois jovens. Não haverá impunidade", escreveu.

Entenda o caso

 

Indígenas são mortos a tiros a caminho de fazenda ocupada por grupo no sul da Bahia — Foto: Reprodução/TV Santa Cruz

Indígenas são mortos a tiros a caminho de fazenda ocupada por grupo no sul da Bahia — Foto: Reprodução/TV Santa Cruz

De acordo com a polícia, Nawir Brito de Jesus e Samuel Cristiano do Amor Divino foram atingidos pelos tiros, por volta das 17h, no km 787, quando se deslocavam do Povoado de Montinho para uma das fazendas ocupadas por um grupo indígena no processo de retomada feitos pelos povos Pataxós da região extremo sul.

Desde a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no dia 1° de janeiro, o grupo já ocupou cerca de três fazendas da região.

Testemunhas informaram que os disparos foram feitos por homens em uma motocicleta e as vítimas foram atingidas nas costas.

O caso é investigado pela Delegacia Territorial (DT) de Itabela. Ainda não há informações sobre a autoria e motivação do crime.

A Polícia Civil informou que mais detalhes sobre o crime não podem ser divulgados no momento, para não interferir na investigação.

Após o assassinato, os indígenas fizeram uma manifestação na BR-101, que ficou interditada por cerca de três horas, entre 19h e 22h.

Depois do protesto, o Movimento Indígena da Bahia e a Federação Indígena das Nações Pataxós e Tupinambás do Extremo Sul da Bahia (FINPAT) fizeram pedidos de reforço de segurança aos povos da região, que estão em conflitos com fazendeiros, aos ministérios da Justiça e dos Povos Indígenas, além da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai).

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