Mãe de criança com autismo se desespera após uso de canabidiol a dois tipos de epilepsia ser restringido: 'fundamental para ela'
21/10/2022 14:43 em Bahia

A mãe de uma criança com autismo severo, Cleide Ferreira, está angustiada após o Conselho Federal de Medicina (CFM) publicar uma resolução que restringe a prescrição do canabidiol apenas a pacientes de dois tipos de epilepsia.

Cleide foi uma das pessoas que participaram de um protesto nesta sexta-feira (21), na frente da sede do CFM de Salvador. O ato teve o objetivo de chamar atenção da decisão.

"[A filha dela] Teve bastante bons resultados. Hoje ela está voltando a piorar por falta do remédio. Ela tinha uma evolução muito grande por causa do remédio. Se batia muito, mordia muito e agora não faz mais isso", disse a mãe da criança.

O canabidiol é uma das substâncias extraídas da planta da maconha. Um estudo

 

Cleide Ferreira contou que não sabe como resolver a situação da filha. Ela ainda afirmou que entrou em desespero quando soube que a resolução foi publicada.

 

 

"Eu entrei em desespero, porque o remédio que a gente pega no SUS não faz efeito, é como água. Eu não sei o que vou fazer agora, minha filha precisa desse remédio que é fundamental para ela", contou.

O canabidiol é uma das substâncias extraídas da planta da maconha. Um estudo feito em 2017, pela Academia Americana de Ciência, Medicina e Engenharia constatou que o extrato de cannabis é eficaz para combater vários tipos de doença.

A norma entrou em vigor nessa semana e só permite indicação para dois tipos de epilepsia: os casos relacionados à Síndrome de Dravet e Lennox-Gastaut e ao Complexo de Esclerose Tuberosa. Segundo o CFM, a prescrição para outras doenças só poderá ser feita se o tratamento fizer parte de um estudo científico.

Segundo o Conselho Federal de Medicina, os médicos que não cumprirem as novas normas ficam sujeitos a punição, que pode variar desde advertência até a cassação do registro profissional.

O CFM afirmou na resolução que, desde a publicação da norma anterior, em 2014, houve um aumento significativo da prescrição do canabidiol no lugar de tratamentos convencionais e cientificamente comprovados.

O Conselho disse que, apesar do sucesso do canabidiol em casos de síndromes convulsivas, houve "resultados negativos em diversas outras situações clínicas".

A Sociedade Brasileira de Psiquiatria divulgou nota apoiando a decisão e afirmou que "não há nenhum registro em nenhuma agência reguladora internacional de nenhum canabinóide para tratamento de nenhuma doença psiquiátrica".

A Anvisa, por nota, informou que vai manter a autorização para os produtos derivados da cannabis independentemente da resolução do CFM. A agência recebeu, no ano passado, 41 mil pedidos de importação de produtos à base de cannabis. Além de autorizar os remédios que são vendidos no Brasil.

 

 
 
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