Descomissionamento de barragens da Vale pode acabar com 15 mil postos de trabalho em MG, diz estudo da UFMG.
22/03/2019 09:05 em Brasil

A desativação de dez barragens da Vale em Minas Gerais vai provocar uma queda de 0,47% no Produto Interno Bruto (PIB) do estado, redução de 15 mil postos de trabalho e queda de R$ 575 milhões na arrecadação. A previsão é da nota técnica elaborada por pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O chamado descomissionamento foi anunciado pelo presidente da Vale, Fabio Schvartsman, no dia 29 de janeiro, quatro dias após o rompimento da Barragem do Feijão, em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. De acordo com último balanço da Defesa Civil, 207 mortes foram confirmadas. Outras 101 pessoas estão desaparecidas.

Porém, a Vale já havia determinado o fim das barragens em 2016, poucos meses após a tragédia em Mariana, quando a Barragem de Fundão, da Samarco, pertencente à mineradora, se rompeu. Dezenove pessoas morreram. Na época, a Vale anunciou o descomissionamento de 19 estruturas. Nove delas já foram desativadas. O fim das outras dez significaria uma redução de 40 milhões de toneladas de minério de ferro, o que representaria 10,38% da produção do estado, de acordo com dados de 2016. "Os impactos a curto prazo, de um a três anos, já seriam bem visíveis. Com a crise fiscal que o governo atravessa, o descomissionamento representa um baque importante na economia do estado”, disse a professora Débora Freire Cardoso, que participou do estudo feito pelo Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional, da Faculdade de Ciências Econômicas da UFMG. A longo prazo, a retração econômica seria de 0,6%, e a perda de R$ 856 milhões em investimentos e arrecadação de impostos. As obras de descomissionamento devem durar 3 anos, e até lá as atividades serão suspensas temporariamente, segundo a Vale. Porém, especialistas dizem que a baixa qualidade do minério de ferro, a idade das minas e a transferência gradual das operações para Carajás (PA), onde há a maior jazida do mundo, podem fazer com que a mineradora não reative mais as operações nestas cidades. “É muito dispendioso para a mineradora. A gente acredita que será uma suspensão definitiva e que apenas atividades de manutenção e segurança”, disse Débora.

 

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